sexta-feira, 1 de maio de 2009

S de Senna

Eram 18:40 quando aquele comunicado confirmou aquilo que, infelizmente, todo o mundo imaginava, embora secretamente desejasse que não viesse a acontecer: Ayrton Senna da Silva tinha morrido.

Faz hoje 15 anos que nasceu o mito à volta daquele que é, por muitos, considerado como o melhor piloto de Fórmula 1 de todos os tempos. Independentemente da opinião das outras pessoas, especialistas na matéria ou não, para mim Senna foi o melhor e nunca existirá outro igual.

Senna foi o primeiro e único grande ídolo que tive na minha vida, e digo-o sem qualquer tipo de complexos. Sempre fui adepto de desporto, e a F1 estava na minha lista de preferências muito por culpa daquele Paulista franzino, que a família tratava carinhosamente por Beco.

Fim-de-semana em que estivesse agendada uma corrida do grande prémio, era fim-de-semana em que ficava ali colado ao ecrã da televisão a ver os treinos, fossem eles livres ou de qualificação, e a devorar todos os segundos da transmissão da corrida.

Nas qualificações, o Beco era quase insuperável. Laivos de exagero à parte, a verdade é que era um mimo assistir às sessões de qualificação, principalmente aos últimos minutos porque era sempre nos últimos minutos que ele saía da box para as suas míticas voltas canhão em que obtinha mais uma pole position.

Se nos treinos Senna era um piloto de eleição, a conduzir à chuva era praticamente imbatível. Esse dom “nasceu” um dia numa corrida de karts em que o Beco, que ia em primeiro, teve um despiste por causa de ter começado a chover. Depois disso, e para ultrapassar a frustração que essa corrida foi para ele, sempre que chovia Senna aproveitava o facto de morar perto dum kartódromo, para pegar no kart e fazer voltas e mais voltas a aperfeiçoar a condução em piso molhado.

A primeira vitória de Senna na F1, ocorrida no GP de Portugal de 1985, em dia de autêntico dilúvio, foi um dos muitos momentos inesquecíveis. A visão daquele lindo Lotus preto a rasgar o asfalto, deixando para trás toda a concorrência, num soberbo recital de condução, ficará para sempre como um marco na história da F1.

Outras memórias perduram, como o primeiro título mundial conquistado em 1991 na última corrida do ano, no GP do Japão, em que depois duma partida miserável, que fez com no fim da primeira volta ele estivesse em 12º ou 13º (não me lembro bem), Senna abriu o livro ganhando a corrida e o campeonato.

E que dizer da primeira vitória no “seu” grande prémio, em 1991, sendo que para quebrar o enguiço, Senna teve que fazer as últimas voltas com a caixa de velocidades encravada em 6.ª, ou então o reinado de cinco vitórias consecutivas no Mónaco, marca imbatível até à data, e isto apenas para destacar alguns entre muitos outros momentos inolvidáveis.

Sem querer tirar valor a nenhum dos outros grandes pilotos que existiram, existem ou existirão, e mesmo que haja quem apresente melhor palmarés, Senna foi o maior, Senna foi o melhor, Senna foi único, e aqui deixo uma pequena homenagem ao único grande ídolo que tive, que ironicamente, morreu no Dia do Trabalhador a fazer aquilo que mais gostava: conduzir.

Primeiro era chegar à Fórmula 1. Depois, fazer uma pole, vencer uma corrida, ser campeão. Aos poucos, fui preenchendo todos esses sonhos. (Ayrton Senna da Silva)

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